Paleontólogos descrevem o primeiro "primo" polonês do peixe-papagaio da era dos dinossauros

O primeiro "primo" jurássico do peixe-papagaio moderno da Polônia – um peixe do grupo dos picnodontes de 148 milhões de anos atrás, ou seja, da era dos dinossauros – foi descrito por paleontólogos da Universidade de Varsóvia e do Instituto Geológico Polonês – Instituto Nacional de Pesquisa. A mandíbula deste peixe foi descoberta nas Montanhas Świętokrzyskie.
"Esta é a primeira descoberta desse tipo na Polônia e, de forma mais ampla, na Europa Central e Oriental, pois até então só se conheciam espécimes da Europa Ocidental. Podemos, portanto, complementar nosso conhecimento sobre a evolução dos picnodontes desde a era dos dinossauros nesta "nossa" parte da Europa, que até agora era basicamente um ponto em branco", disse o chefe do estudo, Dr. Daniel Tyborowski, da Faculdade de Geologia da Universidade de Varsóvia, em entrevista à PAP.
Uma mandíbula superior dentada excepcionalmente bem preservada de um peixe predador do período Jurássico (aproximadamente 148 milhões de anos atrás) foi encontrada por Daniel Tyborowski há vários anos durante escavações na pedreira Owadów-Brzezinki (extremidade noroeste das Montanhas Świętokrzyskie).

"No final do Jurássico, esta área era um arquipélago de ilhas tropicais no meio de um mar raso. Lagoas se formavam entre as ilhotas, repletas de vida, incluindo uma rica ictiofauna", lembrou o paleontólogo especializado na evolução de vertebrados marinhos.
A mandíbula descoberta pertencia a um peixe picnodonte ( Pycnodontiformes ) – um ramo evolutivo extinto de peixes de recife que se assemelhava ao peixe-papagaio atual em forma e estilo de vida. "Esse grupo surgiu no início da era dos dinossauros, no período Triássico (há 240 milhões de anos), e foi extinto no final do Eoceno (há cerca de 35 milhões de anos). Esses peixes atingiram seu pico de biodiversidade no final do Jurássico (entre 160 e 145 milhões de anos), quando eram um componente importante dos ecossistemas marinhos de lagoas e recifes", disse o pesquisador.

O peixe descrito era pequeno – segundo o pesquisador, tinha cerca de 20 a 30 centímetros de diâmetro (diâmetro, pois eram peixes de formato arredondado); era um peixe de recife, vivendo em cardumes. "Sabemos, por outras descobertas mais completas, que o formato da parte frontal do focinho deste peixe se assemelhava a um bico – daí a comparação com o peixe-papagaio moderno, embora esses animais não sejam parentes entre si", disse ele.
Como ele destacou, a característica dos picnodontes eram seus dentes, que tinham o formato de botões achatados e largos; assemelhando-se um pouco a grãos de cascalho. "Essa estrutura dos dentes era uma adaptação à alimentação de presas duras. A dieta dos picnodontes incluía bivalves, caracóis, equinodermos, braquiópodes, crustáceos e até outros peixes. Os dentes achatados e extremamente resistentes agiam como mós, que trituravam e moíam até as presas mais duras, transformando-as em uma polpa fina. Para devorar presas duras, esses peixes eram auxiliados por mandíbulas avançadas, às quais músculos poderosos estavam fixados. Dentes achatados e maxilares fortes significavam que mesmo os animais mais blindados precisavam estar em guarda contra os picnodontes", disse o paleontólogo.
Para aprender mais sobre os "primos" jurássicos "poloneses" do peixe-papagaio, os pesquisadores realizaram análises microtomográficas dos dentes da mandíbula superior.
Os resultados do estudo mostraram que os dentes da parte posterior do maxilar superior eram caracterizados por uma densidade de tecido muito maior do que os dentes da parte frontal da boca. "Isso significa que os peixes usavam principalmente os dentes localizados profundamente na boca para esmagar presas. Essa descoberta é surpreendente, pois em picnodontes conhecidos na Alemanha, estudos radiológicos semelhantes mostraram um aumento na densidade de tecidos que formam os dentes da parte frontal do maxilar inferior. Portanto, estamos lidando aqui com especializações opostas da dentição do maxilar inferior e superior. Usar os dentes posteriores para esmagar presas parece fazer mais sentido, pois observamos um aumento no tamanho dos dentes em direção à garganta na maioria dos picnodontes. Talvez nesse grupo de peixes tenha evoluído uma espécie de assimetria no funcionamento do aparelho mastigatório", explicou o pesquisador.

Os resultados da pesquisa foram descritos no periódico "Geological Quarterly" pelo Dr. Daniel Tyborowski e Weronika Wierny, especialista em reconstrução de ambientes fósseis do Instituto Geológico Polonês - Instituto Nacional de Pesquisa em Varsóvia.
Tyborowski planeja continuar a pesquisa com outros espécimes, pois encontrou muitos outros restos de peixes desse grupo durante as escavações. (PAP)
Ciência na Polônia
acp/bar/amac/
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